quarta-feira, 18 de maio de 2011

A terceira aparição do Anjo


Passou-se bastante tempo e fomos pastorear os nossos rebanhos para uma propriedade de meus pais que fica na encosta do já mencionado monte, um pouco mais acima dos Valinhos. É um olival a que chamávamos Prégueira. Depois de termos merendado, combinámos ir rezar na gruta que ficava a outro lado do monte.

Demos, para isso, uma volta pela encosta e tivemos que subir uns rochedos que ficam ao cimo da Prégueira. As ovelhas conseguiram passar com muita dificuldade.

Logo que aí chegámos, de joelhos, com os rostos em terra, começámos a repetir a oração do Anjo: Meu Deus! Eu creio, adoro, espero e amo-Vos, etc. Não sei quantas vezes tínhamos repetido esta oração, quando vemos que sobre nós brilha uma luz desconhecida.

Erguemo-nos para ver o que se passava e vemos o Anjo (A terceira e última aparição do Anjo), tendo em a mão esquerda um Cálix, sobre o qual está suspensa uma Hóstia, da qual caem algumas gotas de Sangue dentro do Cálix. O Anjo deixa suspenso no ar o Cálix, ajoelha junto de nós, e faz-nos repetir três vezes:

– Santíssima Trindade, Padre, Filho, Espírito Santo, adoro--Vos profundamente e ofereço-Vos o preciosíssimo Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Jesus Cristo, presente em todos os Sacrários da terra, em reparação dos ultrajes, sacrilégios e indiferenças com que Ele mesmo é ofendido. E pelos méritos infinitos do Seu Santíssimo Coração e do Coração Imaculado de Maria, peço--Vos a conversão dos pobres pecadores.

Depois levanta-se, toma em suas mãos o Cálix e a Hóstia. Dá-me a Sagrada Hóstia a mim e o Sangue do Cálix divide-O pela Jacinta e o Francisco (Francisco e Jacinta ainda não tinham feito a sua primeira comunhão. Nem por isso consideraram esta como comunhão sacramental), dizendo ao mesmo tempo:

– Tomai e bebei o Corpo e Sangue de Jesus Cristo, horrivelmente ultrajado pelos homens ingratos. Reparai os seus crimes e consolai o vosso Deus.

E prostrando-se de novo em terra, repetiu connosco outras três vezes a mesma oração: Santíssima Trindade... etc., e desapareceu.

Nós permanecemos na mesma atitude, repetindo sempre as mesmas palavras; e quando nos erguemos, vimos que era noite e, por isso, horas de virmos para casa.