terça-feira, 29 de junho de 2010

FRANCISCO: "COMPADECIDO" COM MARIA


Segundo a Irmã Lúcia, a reparação é o termo que diz o essencial da espiritualidade de Fátima e da mística dos pastorinhos, em que, quase em surdina, se ouve aquela exclamação de S. Francisco: o Amor não é amado —, ou a transmitida por Santa Margarida: "eis o Coração que tanto amou os homens e que não é correspondido… ".
A Irmã Lúcia testemunha nas Memórias até que ponto os pastorinhos interiorizaram a espiritualidade da reparação: "Consolai o vosso Deus" pediu-lhes o Anjo!... A REPARAÇÃO, sendo profundamente teológica, constitui um paradoxo para os nossos tempos: é o escândalo de Fátima. Não deixa, porém, de ser o escândalo e o paradoxo do cristianismo enquanto tal, que vive da inspiração do mistério da Cruz…: aquele divino morrer de Amor!...
Ora tudo isto aconteceu especialmente em Francisco. No princípio ele não viu nem escutava nem percebia nada do que se passava. Depois, começou a ver, mas não ouvia; e, finalmente, acabou por ver e ouvir e compreender tudo.
A partir da visão do Inferno, na aparição de 13 de Julho, começa a delinear-se nele toda a sua identidade espiritual, concentrada na oração de silêncio, na adoração eucarística e na contemplação interiorizada do mistério da Santíssima Trindade.
Ele gostava de se retirar sozinho para a Igreja e aí ficar, escondido junto ao sacrário, a fazer companhia a “Jesus escondido”. Aí passava horas a fio pensando e dizendo a oração ensinada pelo Anjo: "Meu Deus, eu creio, adoro, espero e amo-Vos. Peço-Vos perdão para os que não crêem, não adoram, não esperam e não Vos amam." Ele sentia-se totalmente penetrado pelo reflexo de luz que saía das mãos de Nossa Senhora, luz que era Deus. Ele dizia: gostei muito de ver o anjo! Gostei ainda mais de ver Nossa Senhora! Mas do que gostei mesmo foi daquela luz que nos penetrava no peito, na qual nos víamos como no melhor dos espelhos! E essa luz era Deus! Este é o nosso segredo: não o podemos dizer a ninguém!

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