segunda-feira, 4 de setembro de 2017

Bem-aventurada Irmã Lúcia

Querida Irmã:

As coisas não correm de feição.
O Eng. Manuel Sousa, eu e várias outras pessoas temos, durante todos estes anos - mais de dez- teimado em fazer-te a vontade no que se refere à casa da Quinta da Fonte Pedrinha. Ninguém acredita em nós. Depois de organizada a Associação e de o projecto ter sido aprovado (há quase seis anos!) surgem desconfianças sobre a nossa idoneidade por parte do Padre Provincial e das tuas queridas irmãs. Tudo parou. Nós, porém, continuamos a acreditar na tua causa. Como não encontraram ninguém capaz de arrancar com o projecto voltaram-se, novamente, para nós que metemos mãos à obra. Em vez de Associação passou a ser Fundação de Direito Canónico e, em 2 de Junho de 2016, fomos empossados pelo Sr. Arcebispo. Começamos a tratar, então, dos projectos da especialidade e a procurar investidores para a realização da obra. Tudo estava a correr bem quando, quase no fim do ano, tomamos conhecimento de que o processo se tinha perdido na Câmara indo parar ao arquivo morto. És testemunha- agora vês tudo e sabes tudo o que é desconhecido dos mortais- como nós não assinamos nenhum documento de desistência do projecto. Quem seria, então?
Depois de recorrer a muitos amigos conseguiu-se a sua reabilitação. Fizeram-se e entregaram-se os planos das especialidades em que gastamos mais de 100.000 euros. Estávamos mesmo muito contentes e estabelecemos o dia 15 de Julho para bênção da primeira pedra.
Entretanto não descansávamos enquanto não adquiríssemos a casa onde foste crismada: a Quinta da Formigueira. Logo que souberam (quem?) que estávamos interessados no negócio surgem contratempos, fecham-se portas e promessas, e surgem mais dúvidas e desconfianças a nosso respeito, desta feita vindas do Prelado: mas será que vocês têm capacidade financeira para levar àvante este projecto? - escrevia ele em carta que nos enviou. Não fazia falta esta machadada!!! Também os interesses mesquinhos da Confraria do Bom Jesus e os conselheiros de S. Ex.cia Rev.ma contribuiram para o defraudar das nossas esperanças: estávamos a fazer concorrência aos hotéis do Bom Jesus!!! Sabes, querida Irmã, que nunca foi essa a nossa intenção. Somente queríamos algo de auto-sustentável para ressarcir os investidores, para dar uma pequena porção de aluguer às Carmelitas e para reservar uma fatia para cumprir os objectivos que traçastes para aquele edifício.
Só complicações.
A licença de construção e aprovação do projecto já tinha acontecido 5 anos atrás. Mudou, entretanto, o PDM que limitava a capacidade de construção para aquela zona. A promessa de concretizar o projecto, apesar disso, manteve-se. Mas.... A nossa vida está muitas vezes limitada a um "mas". Neste caso foi o Vereador Melo Bandeira. Achou, para fazer birra ao arcebispo, que devia arrastar o processo e decidiu pedir um parecer ao IGESPAR que, segundo consta, vai ser negativo.
Será caso para perguntar: fomos nós, Senhor, que pecamos ou foram outros por nós?
E a ti, Irmã Lúcia, também perguntamos: queres ou não que façamos um memorial à tua presença em Braga para recordar as tuas virtudes espirituais e o teu exemplo de verdadeira filha de Deus e de Maria?
Diz qualquer coisa e consola os que por aqui se sentem desamparados.
Saudades do céu.

Sem comentários:

Enviar um comentário